9 de agosto de 2010

Fernando Pessoa, Amiel

AMIEL
Não, nem no sonho a perfeição sonhada 
Existe, pois que é sonho. Ó Natureza,
 
Tão monotonamente renovada,
 
Que cura dás a esta tristeza?
 
O esquecimento temporário, a estrada
 
Por engano tomada,
 
O meditar na ponte e na incerteza...
Inúteis dias que consumo lentos 
No esforço de pensar na acção,
 
Sozinho com meus frios pensamentos
 
Nem com uma esperança mão em mão.
 
É talvez nobre ao coração
 
Este vazio ser que anseia o mundo,
 
Este prolixo ser que anseia em vão,
 
Exânime é profundo.
Tanta grandeza que em si mesma é morta! 
Tanta nobreza inútil de ânsia e dor!
 
Nem se ergue a mão para a fechada porta,
 
Nem o submisso olhar para o amor!

Vía blog. Con traducción.

***

Gracias sean dadas a Internet/Google.

No hay comentarios: